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Estamos entre os menos competitivos do mundo

Por Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP



Acaba de sair a classificação do IMD – Institute for Management Development — referente ao ano de 2023, com a lista dos 64 países mais importantes do mundo no quesito competitividade. O Brasil ficou em 60º lugar. Por muito pouco não ficamos em último, desbancando a Venezuela. O pior é que quem acompanha esse relatório ao longo dos últimos anos, percebe que nosso país cai uma posição a cada ano. Se continuarmos assim, rapidamente seremos o último da lista.


O fato é que a competitividade é fundamental para que participemos com vigor da economia mundial e do comércio internacional. Baixa competitividade significa baixa produtividade. Por não sermos produtivos ficamos mal em quase todas as classificações de desempenho de países. Por exemplo, apesar de termos 3% da população mundial, nossa participação no comércio internacional, segundo o último relatório da WTO (World Trade Organization), é de 1,2%, e não estamos nem entre os 20 países mais importantes. Pior é a situação das nossas empresas: na última relação da Forbes das duas mil empresas mais importantes do mundo, temos 1%, ou seja, pouco mais que 20 empresas.


Tudo isso é consequência da baixa produtividade que advém da falta de competitividade do País. Talvez porque nossos governantes, em geral, ficam muito mais entusiasmados com os temas macroeconômicos como inflação, moeda, taxa de juros, desemprego. Acontece que resolver os assuntos macroeconômicos pode ser uma condição necessária, mas não é suficiente para aumentar a competitividade das empresas. É fundamental que se dê atenção também aos problemas microeconômicos e que se foque nas empresas, examinando-se de perto, atuando sobre o ambiente imediato que as cerca e ajudando-as naquilo que lhes dificulta, por exemplo, o aumento das exportações ou a obtenção de maiores índices de produtividade. Por incrível que possa parecer, apesar de serem problemas específicos e individuais das empresas, o governo tem muito por fazer se pretende aumentar o nível de competitividade do País como um todo. Afinal de contas, não existe país competitivo sem empresas produtivas. Ou seja, é hora de pensar mais nas empresas e em como torná-las mais eficientes.


É vital, por exemplo, que se definam quais são os setores da economia brasileira que possuem vantagens que lhes permita sucesso no mercado internacional. Para estes, deve ser feita uma cuidadosa análise da cadeia produtiva, estudando todos os gargalos, como, por exemplo, o atraso do nível tecnológico de um dos supridores de matéria-prima desta cadeia. Se for este o caso, não seria ótimo se o governo facilitasse a modernização tecnológica deste supridor? Para alguns setores, principalmente aqueles em que predominam micros e pequenas empresas, o problema pode estar na incapacidade gerencial dos administradores, ao não saberem lidar com as questões de comércio exterior. Não seria o caso de o governo criar um programa de capacitação gerencial para eles? Se o governo não fizer isso, quem vai fazer?


No Brasil, sabe-se que as micros e pequenas empresas respondem por menos de 1% do total das exportações. Apenas a título de comparação, na Itália este número é de 53%. Não seria o caso de fazer como a Itália, onde as pequenas e microempresas possuem a parcela mais importante no total das exportações e onde existe um esforço de coordenação de pequenas empresas de um dado setor produtivo, com a criação de consórcios voltados à exportação? Quem melhor do que o governo para desempenhar esse papel indutor?


Sem atuação governamental nesses aspectos, corremos o risco de continuar onde estamos, ou até piorar. É preciso reconhecer que o arsenal de medidas macroeconômicas para aumentar nossa produtividade já se esgotou e não foi eficaz. É hora de mexer na microeconomia e pensar no que as empresas precisam para se tornarem mais produtivas.



 
 
 

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