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Brasil e Argentina precisam muito um do outro

Javier Milei foi eleito presidente da Argentina com um programa cuja implantação é praticamente impossível, não apenas por que traria o caos para a Argentina, mas por que a exemplo do Brasil, ali também as medidas importantes precisam ser aprovadas pelo Congresso. Pelo que sabemos, pela composição atual, o Congresso argentino será de oposição ao novo presidente. Aliás esta não é a única semelhança entre os dois países como veremos a seguir.


No início deste ano o Banco Mundial divulgou um estudo muito importante (Valor Econômico - 6/3/2023) que mediu a desindustrialização nos países economicamente mais importantes do mundo, ao longo dos últimos 30 anos. O Brasil, lamentavelmente, foi o primeiro colocado e a Argentina o segundo, em termos de perda da capacidade industrial no período. Ambos países foram muito importantes nos anos 80 em termos de suas respectivas capacidades de produção e exportação de manufaturados. Mas isso foi perdido ao longo das últimas décadas graças aos mesmos erros cometidos. Nas três últimas décadas, Brasil e Argentina focaram os setores agrícolas e de minérios e a consequência foi a deterioração dos aspectos sociais e a renda per capita praticamente estagnada.


A verdade é que os dois líderes da América do Sul cometeram os mesmos erros, mas principalmente o erro de desproteger suas respectivas indústrias. Aliás é histórico que os dois países caminhem sempre de forma muito parecida. Talvez a única diferença importante seja no combate à inflação em que o Brasil se saiu muito bem com o Plano Real e a Argentina se deu muito mal com a tentativa de Domingos Cavallo de tentar tornar o peso conversível ao dólar nos anos 90. O plano trouxe um benefício inicial mas teve que ser descartado em poucos anos pois os problemas inflacionários voltaram a se agravar.


Também nos anos 90 ambas nações passaram a acreditar na ideologia neoliberal que pregava que o Estado era algo desnecessário e que deveria ser diminuído ao mínimo, pois o mercado, deixado livre, resolveria os grandes problemas econômicos. Por acreditar na filosofia do “Estado Mínimo” ambas nações praticamente aboliram o planejamento estratégico e de longo prazo. Abriram seus mercados internos o qual imediatamente foi invadido por produtos importados provenientes principalmente de empresas norte-americanas e chinesas. Em compensação, passamos a vender muito mais produtos agrícolas e minerais. Esqueceram que quem gera os bons empregos é a indústria.   Essas foram as razões principais para a enorme desindustrialização mencionada anteriormente.


Outra falha comum e grave de ambas nações foi o de nunca terem dado importância para o Mercosul pois sempre preferirem comercializar com outras regiões do mundo. Acontece que neste momento uma das melhores alternativas para toda América do Sul, seria o contrário, ou seja, ter um dinâmico mercado interno, aumentando bastante o comercio entre Brasil e Argentina, mas envolvendo outros países como Colombia, Chile, Peru por exemplo, e que são apenas membros associados do Mercosul, mas que deveriam passar a ser membros efetivos como está sendo feito com a Bolívia. Para isso Milei e Lula precisam conversar e manter uma boa relação inclusive com os presidentes destes outros países. Não parece que isto venha a ser muito fácil.


Enfim, o fato é que decisões erradas e falta de estratégia levaram aos problemas que enfrentamos hoje com altos índices de pobreza e de desemprego tanto no Brasil como na Argentina. Está na hora de corrigirmos estas falhas e principalmente de ambos países se esforçarem, não apenas para ter um mercado comum próspero, mas para planejarem suas economias de forma integrada envolvendo as demais nações sul-americanas.


Gente da FEA - dezembro 2023

Autor: Paulo Roberto Feldmann


Data do Conteúdo: 

segunda-feira, 4 Dezembro, 2023



 
 
 

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